Fernanda Braz Candiotto (2013) Caracterização de enzimas digestórias do linguado (Paralichthys orbignyanus)

Caracterização de enzimas digestórias do linguado (Paralichthys orbignyanus)

Autor: Fernanda Braz Candiotto (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Marcelo Borges Tesser

Resumo

Na Europa e na Ásia são produzidas três espécies conhecidas como linguado (Psetta máxima, Paralichthys olivaceus e Cynoglossus semilaevis). No Brasil não existe produção comercial de linguado, no entanto a principal espécie alvo dos estudos é o Paralichthys orbignyanus. Esta espécie já foi um recurso pesqueiro importante no sul do país, no entanto, a pesca encontra-se estagnada. Assim, a produção deste linguado pode ser uma alternativa para aumentar a oferta de pescado na região, devido às características que apontam a viabilidade de criação como tolerância às concentrações elevadas de compostos nitrogenados, variações de temperatura, bom crescimento em água salgada e salobra, reprodução e larvicultura em cativeiro dominadas. Entretanto, ainda existe uma grande carência de pesquisas relacionadas à fisiologia disgestória da espécie. Para isso foi determinada e caracterizada a atividade de enzimas digestórias presentes no fígado, intestino e estômago do linguado (Paralichthys orbignyanus), através de substratos inespecíficos e específicos, além de inibidores específicos. Os parâmetros físico-químicos também foram determinados utilizando substratos específicos. Para a análise das enzimas digestórias presentes no extrato bruto do intestino e fígado realizaram-se ensaios in vitro na presença dos substratos de cadeia longa (azocaseína 1% e amido 2%), p-nitroanilide (BApNA, SApNA e Leu-p-Nan). Para análise de enzimas digestórias presente no extrato bruto do estômago foi utilizado substrato hemoglobina. Para análise enzimática das aminopeptidases presentes no extrato bruto do intestino foi usado o substrato β- naphthylamide (alanina, arginina, leucina, prolina, tirosina, serina, glicina, isoleucina e histidina). Atividade enzimática presente no extrato bruto do intestino foi: Azocaseína (0,3645 ± 0,25mU mg-1), BApNA (0,5119 ± 0,2 mU mg-1), SApNA(2,6281 ± 1,8 mU mg- 73 1), Leu-p-Nan (0,9709 ± 0,83 mU mg-174 ), amido (sem atividae). A atividade enzimática presente no extrato bruto do fígado: Azocaseína (0,27 ± 0,01mU mg-175 ), BApNA (0), 4 SApNA(0,7 ± 0,08 mU mg-1), Leu-p-Nan (0), amido (33,25 ± 76 0,8 mU mg-1).O efeito dos inibidores espécificos sobre a atividade residual das peptidases presentes no extrato bruto do intestino apresentou o seguinte perfil: PMSF (BapNA=52±2,3; SapNa=42±1,2; Leu-p-Nan= 43±1,4%), TLCK (BapNA=33±1,8; SapNa=45±0,3; Leu-p-Nan= 44±4,1%), TPCK (BapNA=100±1,2; SapNa=79±4,5; Leu-p-Nan= 60±1,8%), Benzamidina (BapNA=41±2,3; SapNa=58±0,5; Leu-p-Nan= 40±1,2%). Padrões de inibição peculiar podem ser explicados devido à utilização do extrato bruto que apresenta outras enzimas, além destes inibidores serem baseados em enzimas de mamíferos. O pH ótimo observado para a atividade de tripsina, quimotripsina, leucino aminopeptidase, amilase e pepsina foi pH 9,5, 9, 8, 7,5 3,5, respectivamente. A temperatura ótima observada para a atividade destas enzimas foi 50, 50, 50, 40 e 45°C, respectivamente. A Alanina e a Leucina aminopeptidases apresentaram uma alta atividade comparada à outras aminopeptidases avaliadas. A tripsina e leucino aminopeptidase demonstraram ser termoestáveis até 70 e 50°C, respectivamente. Características que indicam a possibilidade de aplicação biotecnológica.

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